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A indústria que mais gera resíduos no planeta
Aquecimento global e geração de resíduos. Como esses fatores se relacionam com a indústria e os processos da construção civil.
Por Flávio Rosa
Apesar do ramo da construção civil ter um papel importante no desenvolvimento do país, ele causa numerosos impactos ambientais, desde a produção de grande quantidade material residual à emissão de gases poluentes.
No geral, esse departamento gera aproximadamente 33 mil toneladas de resíduos anuais no Brasil, onde metade desses resíduos sólidos produzidos em meios urbanos no país vem da construção civil, segundo o Ministério das Cidades. Além disso, de acordo com o BuildingConcil Brasil, 1/3 dos gases lançados na atmosfera do Planeta, cerca de 30% é consequência do setor de construção civil.
Como a maioria das atividades desenvolvidas nessa esfera são geradoras de resíduos, suas destinações geralmente são inadequadas e causam inúmeros problemas, como por exemplo a drenagem urbana que pode ser sobrecarregada, favorecendo a proliferação de doenças e seus vetores, como ratos e moscas, e a má destinação dos resíduos que podem comprometer o tráfego nas cidades.
Qual a relação do concreto com o aquecimento global e a geração de resíduos?
A mistura da pasta (água e cimento) com o agregado miúdo (areia, pó de pedra) forma a argamassa, que, ao ser unida com o agregado graúdo, compõem o que chamamos de concreto. Ele é considerado um dos maiores vilões do meio ambiente, pois gera uma enorme quantidade de resíduos que afetam a natureza e as cidades e emite uma enorme quantidade de gases poluentes para ser produzido.
O processo de produção do cimento é relativamente simples e fácil: as matérias primas (calcário, argila e óxidos de ferro e alumínio) são moídas e misturadas, obtendo-se um pó fino, que é aquecido em um forno rotativo até 1500°C e resfriado logo em seguida por rajadas de ar. Entretanto, o principal impacto que o cimento traz consigo é a grande emissão de gases poluentes. Esse forno é alimentado, em sua grande maioria, por combustíveis não renováveis, como o carvão e o petróleo, e isso acarreta numa enorme emissão de gases, como o gás carbônico e os óxidos de enxofre e nitrogênio, que agravam o efeito estufa, resultando no famoso aquecimento global.
Como a resistência do concreto depende diretamente da quantidade de cimento em sua composição, o uso do concreto traz consigo grandes emissões de GEE (gases do efeito estufa) decorrentes do processo de produção do cimento. Estima-se que cerca de 5% das emissões de CO₂ (gás carbônico) mundiais sejam de responsabilidade das cimenteiras, segundo o BNDES.
Itens importantes que devem ser vistos para a construção civil alcançar a sustentabilidade.
O Brasil tem capacidade de reciclar 98% dos resíduos da construção civil, mas apenas 21% é realmente reciclado. A questão da reciclagem ou da reutilização do entulho é a sua economia: cerca de 40% mais barata do que descartá-lo em locais adequados, sendo algo raramente feito. Um plano de controle desses resíduos, matérias primas ou materiais já fabricados se faz necessário para essa reciclagem. Uma separação e fiscalização dos resíduos os quais podem e devem ser reutilizados, daqueles a serem reciclados e os descartados.
A ideia de pensar que, ao diminuir a quantidade de cimento no concreto, reduziríamos essas emissões de gases poluentes é viável, mas também é fato que o concreto ficaria menos resistente e, logo, propenso a ser danificado mais facilmente, necessitando de reparos e reposições constantes, gerando cada vez mais resíduos que implicam numa maior deterioração da natureza. Como podemos então diminuir o impacto do concreto no meio ambiente?
Inúmeras pesquisas acerca do assunto estão em desenvolvimento no Brasil, como a do professor doutor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP), Javier Mazariegos Pablos, que substitui os materiais agregados usados na constituição do concreto pelos próprios resíduos gerados na construção civil, reaproveitando-os. Infelizmente, estudos sobre o tema enfrentam algumas dificuldades em nosso país, pois não é uma área que interessa ao governo. A falta de investimento e de uma regulação clara para o uso de concretos recicláveis são sinais disso.
Referências:
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