De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, "entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade." Sendo assim, ela busca trabalhar, de maneira crítica, a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política. Levar esse debate para as escolas é de extrema importância, pois é dever desta instituição sensibilizar o aluno a buscar valores que o conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente.
A questão da educação ambiental é um assunto recente. Somente em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de Keele, na Inglaterra, colocou-se essa expressão em uso pela primeira vez, com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial de educação de todos os cidadãos. Porém, ela só foi considerada um campo de ação pedagógica em 1972, na “Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano” - ou Conferência de Estocolmo, como ficou conhecida. Após essa conferência, muitas outras foram elaboradas para discutir os problemas ambientais por todo o mundo, mas, no Brasil, só nos anos 90 foi consagrada a “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”. Nela está escrito que deve haver um compromisso real do poder público para cumprir a legislação brasileira, visando a introdução da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino.
Qual a importância da educação ambiental nas escolas?
A educação é um meio importante para se construir uma sociedade sustentável, pois ela encaminha mudanças culturais e sociais em direção a uma ética ecológica, que respeite e considere cada grupo social e os desafios da atualidade. É necessário que os jovens entendam como somos dependentes do meio ambiente e como podemos afetá-lo, para que eles possam, um dia, tomar decisões sem prejudicá-lo. Assim, as gerações futuras crescerão dentro de um novo modelo de educação, criando novas visões do que é o planeta Terra.
Porém, a escola não pode servir como uma mera transmissora de informações. A educação deve ser passada com atividades teóricas e práticas, a fim dos alunos se sensibilizarem e entenderem quão efetivas são as ações ambientais para o planeta. Ela deve ser um processo contínuo, através de ações interdisciplinares, procurando a integração entre escola e comunidade. Dessa forma, o jovem continuará esse processo em seu dia a dia, mesmo após acabar seus estudos básicos.
A horta escolar
Horta escolar da FEIS - foto:reprodução/UNESP
Um exemplo de ação ambiental no ensino básico é a horta escolar. A proposta é que os alunos utilizem a jardinagem e cuidem dos alimentos na horta da instituição, com a ajuda de diferentes técnicas de plantio, desde a semeadura até a colheita. Algum tempo após o plantio, as crianças voltam ao local para observarem como os alimentos e as plantas cresceram com os devidos cuidados.
Os objetivos dessa prática são integrar aluno e ambiente, despertar seu interesse nas questões ambientais, ressaltar a relevância da preservação da natureza e relacionar educação ambiental com educação alimentar. Este último pode ser obtido pela propagação da ideia das hortas em suas casas, melhorando a dieta familiar. O contato direto dos alunos com a terra se mostra uma ação em que eles podem aprender a ter cuidado com o meio onde vivem.
Quais os desafios para se implementar a educação ambiental?
Segundo ANDRADE (2000), “fatores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores, predisposição destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da diretoria de realmente implementar um projeto ambiental que irá alterar a rotina na escola, além de fatores resultantes da integração dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstáculos à implementação da Educação Ambiental”. Entre todos os desafios, os principais são a estrutura curricular - em termos de grade horária, avaliações, etc. -, a sensibilização do corpo docente para a mudança de uma prática estabelecida e a falta de verba para atividades práticas nas escolas públicas. Na horta escolar, por exemplo, muitas vezes os pais são solicitados a doar materiais para o envolvimento da criança.
Apesar dessas dificuldades, as instituições de ensino devem estruturar de forma eficaz planos para inserir a educação ambiental como parte do cotidiano dos alunos. Existem ações capazes de ajudar nesse processo, como o levantamento do perfil ambiental da escola (se possui área verde, horta, separação de lixo, etc.) e a mobilização de toda a comunidade escolar para o desenvolvimento de atividades. Só assim poderemos direcionar os jovens para um caminho sustentável e para adquirirem valores diante da natureza.
Bibliografia
ANDRADE, D. F. Implementação da Educação Ambiental em escolas: uma reflexão. In: Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 4.out/nov/dez 2000
EFFTING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios. Marechal Cândido Rondon, 2007. Monografia (Pós Graduação em “Latu Sensu” Planejamento Para o Desenvolvimento Sustentável) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido Rondon, 2007.
IMASUL. Conceitos de Educação Ambiental. Disponível em: https://www.imasul.ms.gov.br/conceitos-de-educacao-ambiental/. Acesso em: 04/02/2022
SISTEMA UNESP. Jardinagem e horta escolar como instrumento de percepção do meio ambiente. Disponível em: https://sistemas.unesp.br/proex/publico/projeto/visualizar.do?id=10229. Acesso em: 04/02/2022
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